25 de nov. de 2012

Global Design

          “O desenvolvimento de produtos permite a diferenciação, com uma nova combinação do luxo com artesanato, arte e moda.”  (Gilles Lipovetsky)


Decoração feita para a loja Estúdio Albus  
em Porto Alegre, inspirada no Brasil

         Yes! Nós temos bananas! 
        Sim, temos referências nacionais no nosso design de interiores, mas cada vez mais estamos entrando em uma transculturação das áreas do conhecimento, da informação e da tecnologia, o que permite aos projetos mais ousadia e novas experimentações.


Composição de estampas criada por Adriana Barra


          Os estilos são adaptações anatômicas e estéticas dos movimentos sociais, culturais, econômicos, religiosos e tecnológicos de uma sociedade. Surgem para suprimir necessidades que emergem do cotidiano das pessoas: seja pela funcionalidade, simbolismo ou estética. Com o tempo, essa miscelânea criada por regionalistas, vanguardistas e outras frentes criadoras, se combinam umas as outras, encadeando-se progressivamente e historicamente no acervo cultural de cada lugar.




           Um estilo não vem em substituição ao anterior. Vários convivem ao mesmo tempo, adaptados ao micro universo ao qual estão inseridos e agora ultrapassam suas aldeias, tornando-se símbolos da transculturação da aldeia global. 



15 de jun. de 2012

RIO + 20 e a Arquitetura Verde

A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, realizada na cidade do Rio de Janeiro, marca os vinte anos da Conferência da ONU Rio-92 ou ECO 92 como ficou conhecida. A expectativa é de conciliar uma agenda para o desenvolvimento mundial sustentável para as próximas décadas, renovando o compromisso dos países participantes.

Os conferencistas se dividem entre representantes governamentais, Chefes de Estado e do Governo dos países-membros das Nações Unidas, além de organismos não governamentais que juntos irão discutir o “zero draft” (minuta zero), que é um texto formatado a partir da analise das decisões tomadas e implementadas em Conferências anteriores, base para avaliar o progresso e as demandas não observadas. 

Os debates terão como temas principais, a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e erradicação da pobreza e a estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável. O compromisso da Conferência é de criar instrumentos para aplicação de políticas e programas para um crescimento econômico sustentável, com redução das desigualdades sociais e proteção ambiental. Também, lançar discussões sobre as estruturas das instituições ambientais, no sentido de fortalecer as capacidades de trabalho do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), aumentando a provisão de recursos para apoio efetivo aos países em desenvolvimento.

A agenda 21 é um documento que foi adotado pela Conferência Rio-92 e é o principal instrumento para a reconversão do atual estado da sociedade industrial para uma sociedade mais equilibrada, justa e sustentável. Os princípios que norteiam o programa de ação da Agenda 21, foram estabelecidos por 179 países que em escala planetária, pretendem um novo padrão de desenvolvimento conciliando métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica.

As cidades são temas dos principais debates e por extensão, a construção civil e a arquitetura verde. Essas discussões encampam desde infra-estrutura urbana até a criação de linhas de créditos para redução do déficit habitacional. Em análise específica as soluções construtivas que resultem em menor impacto ambiental e na qualidade da construção civil, as discussões revelam tendências de diferentes posturas governamentais pós-evento.

É esperado que sejam criadas políticas públicas para que as novas construções adotem equipamentos como, placas solares para aproveitamento da energia solar para aquecimento de água; placas fotovoltaicas para produção de energia; cisternas para armazenagem de água de chuva, além de outros dispositivos de controle do desperdício. A legislação criada para esse fim poderá ser punitiva ou preventiva. Alguns governos vão optar pela obrigatoriedade do uso de determinados equipamentos, sob pena de interrupção da obra ou de aplicação de pesadas multas. Outros buscarão estimular a adoção dos equipamentos como contrapartida, isso é, através da concessão de descontos no IPTU ou de outros impostos municipais. 

    O principal enfoque contudo, decorre pela existência da Conferência, que estimula a criação de mecanismos para a conscientização dos profissionais envolvidos na área quanto aos impactos decorrentes do processo construtivo. Uma construção verde é pensada desde o projeto e além da implementação de equipamentos tecnológicos, considera também os aspectos operacionais, os materiais utilizados de berço-a-berço, a destinação dos resíduos, enfim, cada etapa do processo.O ciclo de impactos gerados por uma obra se inicia no projeto, passa pela execução e utilização e inclui ainda a manutenção da mesma.

Uma perspectiva positiva a esse respeito seria a admissão obrigatória de disciplinas sobre sustentabilidade nos cursos de engenharia civil, arquitetura e design. Não podemos esperar grandes mudanças unicamente a partir das ações superficiais propostas, que consideram apenas o funcionamento da construção, quando na verdade o impacto já começa na confecção do projeto.

Poderíamos oferecer nas universidades, disciplinas de organização do processo de projeto e de execução para obras certificadas; laboratório para desenvolvimento e testes de novos produtos sustentáveis; canteiro de obras verdes; enfim, investir na capacitação dos profissionais da área e em pesquisas para novas práticas, materiais e tecnologias. É preciso atualizar o conceito que se tem da arquitetura verde, para reposiciona-la enquanto única alternativa coerente com os prognósticos do futuro do planeta e não apenas como mais um sistema ou estilo construtivo.

Investindo na qualidade dos profissionais, haverá melhora no desempenho das obras privadas e públicas, que redundará em melhora na qualidade de vida de todos os moradores e consequentemente, no arranjo das cidades. Se o maior desafio para os próximos anos é mantê-las funcionais e habitáveis, será igualmente importante investir em pesquisas sobre as novas formas de morar, trabalhar, estudar e de se locomover. Repensar a construção de fora para dentro e de dentro para fora, através de todos os seus autores: engenheiros, arquitetos, moradores e usuários, revirando os paradigmas que nos trouxeram até esse momento decisivo para a manutenção da vida urbana, com sustentabilidade. 

15 de abr. de 2012

Arquitetura e Sustentabilidade

        Há 40 anos meu pai iniciou a ocupação de uma área periférica em uma cidade do Mato Grosso do Sul com o parcelamento das terras que possuía. Implantou pequenas vilas conectando-as ao tecido urbano através do traçado já existente. Porém organizou edificações residenciais e comerciais nos terrenos de forma peculiar, de modo a liberar o núcleo da quadra para uso coletivo das famílias. Com barro extraído nas proximidades do terreno foram confeccionados tijolos e peças para revestimento que após serem prensadas em uma engenhoca manual, eram secas ao sol e pintadas por nossas mãos. O bambu, matéria prima também farta nos terrenos, foi trançado pelo meu pai que o transformou em divisórias, coberturas e móveis. O pé direito mais alto; as aberturas bem pensadas; os espaços externos arborizados e permeáveis e a convivência privilegiada.



            As pequenas células reúnem as famílias para conversar, trabalhar e brincar. As edificações comerciais administradas pelos próprios moradores oferecem à comunidade os produtos e serviços por eles produzidos. Meu pai transferiu seu conhecimento e técnica para a comunidade e algumas famílias hoje vivem da produção de utensílios de bambu.  A questão sustentável permeou toda operação, mas na época da construção não se falava em sustentabilidade. Na visão empreendedora do meu pai, tratava-se de aproveitar o potencial local em todas as suas possibilidades. 

                         Tive bons mestres. Meu avô materno era um apaixonado por praças e 
parques e acompanhei seu amor e dedicação aos espaços verdes públicos. Meu trabalho de mestrado em sua homenagem analisa questões ambientais urbanas, como a conservação das áreas verdes e de tudo que há sobre elas: história, cultura e imaginação. Patrimônios materiais e imateriais.



             Mudei-me várias vezes, conheci lugares, pessoas, culturas e arquiteturas. Observei, imaginei, tive ideias e executei projetos através de diferentes empresas e de forma independente. Vivenciei a arquitetura, o design de interiores, de móveis e objetos em projetos de edifícios residenciais, comerciais e corporativos, térreos e de múltiplos andares. Atuei projetando; coordenando o processo de projeto; acompanhando e administrando a execução; avaliando a pós-ocupação, enfim, explorei todas as frentes de atuação buscando sempre me guiar nas estratégias conciliatórias para a manutenção da qualidade ambiental. 



            Muita coisa mudou entre o Kibutz que meu pai fazia e o que fazemos hoje na construção civil. Ainda que empreguemos a legalizada, regrada e normatizada sustentabilidade, a explosão das cidades, o mau uso da tecnologia e do capital apartaram nossas construções da função primordial: o abrigo. A arquitetura talvez fosse mais saudável pela proximidade com métodos artesanais e por analogia, talvez tenha piorado com os métodos industriais. Uma contradição da humanidade: melhoramos a habitabilidade individual e pioramos o habitat coletivo.

30 de mar. de 2012

Design e Identidade Visual

      A identidade visual no design é ambivalente, pois constitui o objeto fisicamente (cor, textos e linhas) e de modo inatingível (sensações, sentimentos e emoções). Por sua vez, o design está impregnado pela identidade visual de forma material e imaterial.

          Para Aristóteles, a identidade é a unidade da substância “... sentido essencial, as coisas são idênticas do mesmo modo em que são unidade, já que são idênticas quando é um só em sua matéria...” (ARISTÓTELES apud ABBAGNANO, 1982, P 503). Leibniz (1982), redefiniu como conceito que precisa se estabelecido, diz ele “... a própria identidade pode ser estabelecida ou reconhecida como base em qualquer critério convencional.”

          Historicamente, a identidade visual no design consolidou-se mais fortemente a partir do século XVI com as manufaturas reais na Europa. A produção de tecidos, objetos de cerâmica e do mobiliário incorporaram imagens características do período, que referenciavam primeiramente o poder da corte e mais tarde seus costumes.

          A ideia de incorporar aos produtos do design a identidade visual como ferramenta de marketing _embora de forma incipiente e intuitiva_ revela-se à partir do século XVII e XVIII quando os produtos começam a receber rótulos, embalagem e sobretudo a propaganda. As imagens que integram o objeto de design do período em questão querem aproximar o produto do seu consumidor com apelos sentimentais (paisagens locais e regionais) ou da modernidade anunciada.

         Posterior ao período caracterizado como Revolução industrial, séculos XVIII e XIV, a indústria já tem domínio das ferramentas de marketing e a identidade visual passa a ser um valor imprescindível ao design. Com a Revolução Industrial a internacionalização dos produtos, transformou a identidade visual na ponte que liga o objeto ao usuário. A essa altura, indústria e designers buscavam mapear os domínios sensoriais dos consumidores para aprimoramento visual e identitário de seus produtos. Também nesse período, várias linhas de diferentes escolas surgiram (Arts & Crafts, Bauhaus, Ulm...), buscando suprimir os registros anteriores em nome de um novo e bom design, cuja linguagem, forma e materialidade estivesse conectada ao futuro e definitivamente livre do passado. Os produtos desse período são hoje avaliados como ícones de uma geração, que guardam em si toda força identitária da sua época.

          Paralelo aos acontecimentos da industria e desenvolvimento do design, seguiam os estudos que buscavam compreender o desenho e o usuário e os envolventes desse imbricamento.

          No campo da comunicação, a mensagem visual transmitida pelo produto, segundo Munari (1985), atuam nos sentidos com estímulos sonoros, térmicos, dinâmicos etc e provocam uma reação interna variável, determinada pelo contexto em que está inserido e transformado pelos filtros sensoriais, operativos e culturais do receptor.

          O entendimento do design enquanto imagem geradora de significados, é sustentada por Ferrara (1986), que afirma que os signos constroem a imagem, que é codificada e retida na rotina do cotidiano e se revela a partir da exposição da lógica de sua linguagem. Nesse sentido, a linguagem é a grande força de socialização de um produto de design (PARK apud KOCH, 2009). A linguagem do design revela-se como o lastro da identidade visual e para Pignatari (1968), a ideia de informação está sempre ligada a ideia de seleção e escolha e desse modo, o design deve oferecer estímulos que possam ser interpretados pelo maior número de usuários. 


         O design enquanto uma informação deve ser persuasivo e de alto poder de comunicação (SCHLESINGER apud KOCH, 2009). Pela definição da palavra estética (ais-thesys) que em grego significa “Percepção sensorial”, conclui-se que, estética enquanto adjetivo do design será também estímulo para o usuário. Todavia, a identidade visual apresenta-se dentro de um sistema complexo com ligações em áreas mais amplas do espaço e da cultura, envolvendo os seus aspectos em um processo de criação de sentidos. Portanto, a identidade visual no design será prevalente para um maior número de pessoas, quando se atribuírem a ele qualidades que contemplem além dos sentidos _ou a maior parte deles_, também os aspectos econômicos, sociais, culturais etc. 


         A identidade visual, por fim, desempenha grande importância dentro do ensino da disciplina do design, pois para o designer a identidade permite avaliar a qualidade, durabilidade e longevidade dos seus produtos. Também possibilita ao futuro profissional entender os processos mentais do usuário e conciliar de forma objetiva os “estímulos e a interpretação”, para uma melhor e mais eficiente “representação”.




Referência Bibliografia:
FERRARA, Lucrécia D’Aléssio. Leitura sem palavras. São Paulo: Ática (Série Princípios), 2000.
KOCH, Mirtes Birer. Parques Urbanos Sul-Americanos: Imaginação e Imaginabilidade. 2009. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo), Universidade de São Paulo
MUNARI, Bruno. Design e Comunicação Visual. Lisboa: Editora 70, 2006
PARK, R. E. A cidade: Sugestão para a investigação do comportamento humano no meio urbano. In: VELHO, Otávio Guilherme (Org.) O fenômeno urbano. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1973
PIGNATARI, Décio. Informação, Linguagem e Comunicação. São Bernardo do Campo: Atelier Editorial, 2002




11 de fev. de 2012

Além do design de interiores


Além do design de interiores
Um edifício deve permitir aos seus usuários vive-lo intensamente, confortavelmente e longamente, facilitando-lhes fluxos e permanências com conforto térmico, luminoso e acústico.  


Um projeto arquitetônico deve ser abrangente e contemplar além dos subsistemas (estruturais, hidro-sanitário, eletrotécnico e luminotécnico, telemática, CFTV, SPDA, ar-condicionado etc), o design de interiores (inclusive design de móveis e paisagismo). Quanto mais alargado e sistêmico for o escopo, mais funcional e longevo será o edifício.


Todos os projetos devem ser conduzidos conjuntamente _ainda que por diferentes profissionais_, para quando da compatibilização entre o projeto arquitetônico e seus subsistemas, as necessidades apontadas pelo projeto de interiores sejam contempladas.  


Os vários sistemas trabalham de modo complementar. Por exemplo, a disponibilidade de iluminação deve ser dimensionada de acordo com as cores do ambiente, o mobiliário (suas dimensões e materialidade), as atividades que serão desenvolvidas e os efeitos desejados (percepção e ambiência), entre outros requisitos. Quando se dimensiona a iluminação apenas pela área (metragem quadrada), exclui-se a qualidade lumínica e a segurança do ambiente.  


Também na distribuição do mobiliário pode se valer de um espaço entre pilares, de um vão sob a escada ou pode suprimir a construção de uma parede inserindo um móvel em seu lugar. A alocação correta dos equipamentos elétricos e eletrônicos determinam os pontos elétricos, hidráulicos (entradas e saídas), de gás, telefonia, ar condicionado etc, delimitando modelos, classes, quantidades.


Outro caso que explicita a necessidade do projeto de interiores para dimensionamento dos demais complementares é na domótica (casa inteligente), onde o imbricamento dos subsistemas é efetivado pelo uso da tecnologia. É certo que todos os edifícios envolvem algum nível de tecnologia e que a disponibilidade desse recurso deva ser expansível para atender a adição ou acréscimo ao longo do tempo, mas ainda assim, o projeto de design de interiores integrado ao arquitetônico é indispensável.

A interface entre todos os projetos determina a infraestrutura necessária ao bom funcionamento do edifício. Um projeto de arquitetura não deve ser unicamente regimentado por parâmetros legais e normativos, mas pela cultura e necessidades únicas dos moradores e usuários e o design de interiores incorpora esses aspectos no ordenamento e arranjo estético dos ambientes.

2 de fev. de 2012

Arquitetura Corporativa: O Ambiente do Trabalho

Para a composição de um ambiente corporativo existe uma série de leis, regras e normas que estabelecem parâmetros para conforto e segurança dos usuários. Além da legislação municipal, estadual e federal que será aplicada na produção do projeto arquitetônico, existe um rol de leis, normas e regras que devem ser atendidas na organização interna dos espaços.


Para lembrar algumas, as normas da ABNT-Associação Brasileira de Normas Técnicas regulamentam o mobiliário (mesas e cadeiras etc) e a acessibilidade (corredores, portas de passagem etc). As NR´s-Normas Reguladoras estabelecem níveis adequados para o conforto ambiental (iluminação, acústica, umidade etc). A segurança e prevenção (sinalização, portas corta-fogo, escadas pressurizadas, acabamentos e forrações etc) é estabelecida pelo Corpo de Bombeiros. E ainda durante o uso, os espaços serão constantemente medidos e avaliados por profissionais responsáveis para manutenção e controle dos níveis estabelecidos.


No entanto, a legislação associada ao usual aproveitamento máximo dos espaços resultou na planificação de um modelo único que atende a todos os ambientes corporativos. Na medida da despersonalização dos espaços outros itens foram deixados de lado, como à cultura da empresa X dos funcionários, analise do posto X o conteúdo da tarefa, enfim a organização adequada do trabalho.


Outra condição que impõe a hegemonia formal destaca a arquitetura verde corporativa. Apontado como um dos principais determinantes formais da arquitetura contemporânea os projetos verdes que redesenham a cidade se apoiam nas normas de qualidade, legislações e certificações para resolver seus problemas éticos e físicos. Simetricamente, os ocupantes dos novos espaços redesenham as normas de conduta social, uma vez que para o pleno funcionamento dos edifícios certificados há o envolvimento daqueles que coexistem e colaboram com as aspirações dos idealizadores.


A evolução da tecnologia impõe componentes cognitivos intensos e complexos e diferentemente dos aspectos até então estudados _que se restringem ao campo físico_, as novas exigências de rapidez no trabalho mental, a ambiguidade das tarefas (que agora incorporam as exigências da convivência com o edifício) e o relacionamento difícil com o público, avança pelo campo das doenças psíquicas. Alain Wisner (1994), lembra da diversidade de reações e tolerâncias dentro de uma mesma população exposta a um determinado problema.


A avaliação dos postos deveria registrar além dos aspectos ambientais (barulho, iluminação, temperatura, umidade etc), também as variáveis fisiológicas do operador. Segundo Christophe Dejours (1992), as frustações resultantes de um trabalho inadequado às potencialidades e necessidades da personalidade que resultem em grande esforço para adaptação, podem redundar em sofrimento cognitivo, físico e psíquico.   O capital genético, a história patológica e os costumes étnicos e culturais pesam no custo pessoal, devendo planear essas reações para conceber um ambiente e seu funcionamento, respeitando inclusive o biótipo do usuário.



Referência Bibliográfica:

WISNER, Alain. A inteligência no trabalho: textos selecionados de ergonomia. Tradução de Roberto Leal Ferreira, São Paulo: FUNDACENTRO, 1994

DEJOURS, Christophe. A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. Tradução de Ana Isabel Paraguay e Lúcia Leal Ferreira. 5ª edição ampliada, São Paulo: Cortez Oboré, 1992