24 de abr. de 2014

Hotéis: Sobre castelos e estrelas

A Europa abriga hotéis incríveis em castelos medievais, palácios e edifícios históricos, que estão entre os melhores do mundo.

Alguns dos muitos castelos medievais da Europa foram convertidos em hotéis, como o Traquair Castle, na Escócia, que pertenceu aos reis escoceses e o Skibo Castle, nas terras altas, também lembrado pelo casamento da cantora pop Madona com Guy Ritchie, no ano 2000. No País de Gales, os conquistadores normandos - primeiros construtores de castelos -, deixaram muitos exemplares e alguns deles, como o Castelo de Ruthin, permitem além de pernoitar, fazer visitas guiadas com áudio, em pelo menos oitos línguas.  

Traquair Castle – Escócia 
Skibo CastleHighlands, Escócia  

Ruthin Castle, Denbighshire, País de Gales 
(imagem: internet)

O Hotel De L´Europe, em Amsterdam, às margens do Rio Amstel, é segundo o Villégiature Awards um dos 5 estrelas mais luxuosos do mundo. Cheio de história, o edifício histórico foi erguido em 1896 pelo arquiteto W. Hamer. Seus 50 quartos, que foram tomados por oficiais alemães durante a II Guerra, foram recontextualizados com réplicas de pinturas do Rijksmuseum.

De L´Europe, Amsterdam 

Nos últimos 10 anos, os prédios antigos do centro de Paris estão sendo restaurados e transformados em hotéis de luxo. O Hotel de Nell, projeto do arquiteto francês Jean Michel Wilmotte, recebeu decoração casual e moderna, contrastando com a arquitetura Art-Nouveau do edifício. O novo hotel, recebeu quatro estrelas.

Hotel de Nell, Paris (Imagem: http://www.hoteldenell.com/)


Para padronizar os sistemas de avaliação e classificação dos hotéis europeus, em 2004 foi criada uma associação chamada HOTREC - Hotels, Restaurants and Cafes in Europe, que conta hoje com 28 países associados que seguem os critérios da HotelStars EU. Entre os quesitos para definição do número de estrelas, a estética da mobília não está entre os 270 itens do catalogue of criteria. Mas, a área quadrada dos dormitórios, a infra estrutura disponível (elevadores, banheiros nos quartos, tamanho das camas...) e a quantidade e qualidade dos serviços prestados (recepcionistas bilíngues, tecnologia nos quartos...), são itens com peso expressivo. (para saber mais, acesse o manual com os critérios europeus, em: http://www.hotelstars.eu/index.php?id=criteria).  

Cada país adota um sistema de avaliação e classificação, mas a maioria participa de entidades como a EFH - European Finest Hotels, que seleciona e classifica hotéis europeus. Entre as entidades mais conhecidas, está também o VillégiatureAwards, que elege a cada dois anos o melhor hotel, o melhor resort e o mais charmoso hotel do continente europeu, da Ásia e da África, e que conta com um júri internacional formado por 24 jornalistas especializados em viagem e hotelaria. Outros sites disponibilizam listas, categorizando os hotéis conforme sua especialidade, como hotéis spa de luxo, hotéis de golfe, com as melhores enotecas, com restaurantes premiados ou com a melhor localização, de portes pequenos, apenas para famílias etc. Bom exemplo é o TripAdvisor, que elege todos os anos os 25 melhores hotéis europeus.

Os hotéis internacionais têm seus restaurantes avaliados pelos auditores do Guia Michelin que há mais de cem anos classifica com 1, 2 ou 3 estrelas, conforme a qualidade dos produtos, a preparação e o sabor dos pratos, considerando a personalidade do chef nos pratos preparados, além do custo-benefício e a consistência e regularidade do cardápio apresentado. 

A classificação de 1 a 5 estrelas de um hotel brasileiro, que era feito pelo próprio estabelecimento, agora é determinada pelo Ministério do Turismo, o Inmetro, a Sociedade Brasileira de Metrologia – SBM e a sociedade civil, e foi adotado como estratégia para aumentar a competitividade do setor. O Sistema Brasileiro de Classificação – SBClass, estabeleceu sete diferentes tipos de hospedagem (Hotel, Resort, Hotel Fazenda, Cama & Café, Hotel Histórico, Pousada e Flat/Apart-Hotel), sendo que cada um deles tem categorias específicas. Por exemplo, um resort só poderá ter entre 4 e 5 estrelas, nunca menos. E um Cama & Café, terá no máximo 4 estrelas.

Os requisitos avaliados por um representante legal do Inmetro são:
Infraestrutura - vinculados às instalações e aos equipamentos;
Serviços - vinculados à oferta de serviços;
Sustentabilidade - vinculados às ações de sustentabilidade (uso dos recursos, de maneira ambientalmente responsável, socialmente justa e economicamente viável, de forma que o atendimento das necessidades atuais não comprometa a possibilidade de uso pelas futuras gerações).

O Hotel brasileiro Fasano, no Rio de Janeiro, projetado pelo arquiteto francês Philippe Starck, decorado com móveis no estilo dos anos 50 e uma aura vintage, em homenagem a bossa nova e ao passado glorioso de Ipanema, foi categorizado com 5 estrelas.

Hotel Fasano, Rio de Janeiro 




Fonte de Consulta:

Sites sobre Hotéis e Hotéis Castelos:
http://www.fasano.com.br/



21 de abr. de 2014

Os grandes incêndios e a gênese do urbanismo moderno


       Nova York teve em sua história grandes incêndios que marcaram a gênese do urbanismo moderno. No incêndio de setembro de 1776, estima-se que o fogo que cruzou a cidade de oeste a norte tenha consumido entre 10% a 20% da sua estrutura, que era composta principalmente por madeira. Já no incêndio de março de 1911, mais de cem costureiras morreram pelo fogo, fumaça ou pela queda das janelas dos últimos andares do Asch Building, edifício onde funcionava a Triangle Company. A partir desses incêndios, foram adotadas novas normas e regras para segurança nas construções e uma nova legislação trabalhista, inclusive.

Museu do Fogo em NY

As fábricas foram transferidas para as regiões de Midtown, no Garment District, para se enquadrarem nas leis de segurança e que, a propósito da contextualização histórica, já não existem mais, uma vez que mão-de-obra barata está concentrada agora na China, Bangladesh e Vietnã. 

No The New York City Fire Museum (Museu do Incêndio de Nova York), as gravuras da época dos incêndios, mostram o desespero das pessoas e a dificuldade dos bombeiros com seus carros puxados a cavalo, para alcançarem os andares mais altos dos edifícios.

Em razão dos muitos incêndios, o charme imperfeito e o romantismo das escadas de incêndio externas foram incorporados à arquitetura da cidade a partir de 1867. O Código do Departamento de Bombeiros disciplina os usos das escadas e fiscaliza para que os moradores não coloquem vasos, varais ou objetos decorativos que possam obstruir o acesso ou causar acidentes. Em prédios com mais de cinco andares, as escadas são pressurizadas no interior e as externas são utilizadas para fuga. As escadas externas não chegam até o chão, para impedir o acesso de mal intencionados.

As escadas de incêndio tem um aspecto cultural, que remete a um passado doloroso e ao mesmo tempo nostálgico, mas sobretudo, cumprem a função para a qual foram instaladas. Já que ainda hoje, muitos incêndios acontecem por conta das divisórias de madeira e dos muitos tecidos e revestimentos que aquecem o interior dos apartamentos.

Notadamente, a maioria dos filmes românticos ou de aventura rodados em Nova York (Friends, Os Delírios de Consumo de Becky Bloom, Bonequinha de Luxo, Janela Indiscreta, para citar alguns), mostram cenas nas sacadinhas e escadas de incêndio.

O Brasil tem um histórico diferente nessa área e não temos objetos românticos de proteção nos nossos edifícios, mas temos algumas normas bastante eficientes, como a NBR 9.077 – Saídas de emergência de edifícios, que normatiza as escadas de incêndio. Ainda a NBR 10.898 – Sistema de iluminação de emergência; NBR 9.441 – Execução de sistemas de detecção e alarme de incêndio; NBR 12.693 – Sistemas de proteção por extintores de incêndio; NBR 13.714 – Sistema de hidrantes e de mangotinhos para combate a incêndios; NBR 10.897 – Proteção contra incêndios por chuveiros automáticos; NBR 13.434 – Sinalização de segurança contra incêndio e pânico, entre outras, que descrevem os procedimentos mais importantes para segurança dos edifícios. Também e não menos importante, a legislação do Corpo de Bombeiros com suas normas e procedimentos de prevenção e proteção de pessoas e do patrimônio.

Os grandes incêndios promoveram alterações na aparência dos edifícios, nas relações de trabalho e ainda fizeram surgir os seguros para sinistros dessa natureza. Temos exemplos de outros países e também e infelizmente, nossas próprias tragédias, causadas pela desatenção dos profissionais às normas e pela falha na fiscalização dos edifícios.

Grandes incêndios na história do Brasil:
Edifício Andorinhas, RJ (1986) – 20 mortos
Edifício Andraus, SP (1972) – 16 mortos
Edifício Grande Avenida, SP (1981) – 17 mortos
Edifício Joelma, SP (1974) – 191 mortos
Canecão, BH (2001) – 7 mortos
Boate Kiss, RS (2013) – 242 mortos

Outros grandes incêndios na história dos EUA:
NY (1835) – 530 edifícios
Pitsburgh (1845) – 1.100 edifícios
Saint Louis (porto – 1849) – 15 quarteirões
San Francisco (1851) – 2.500 edifícios
Chicago (1871) – 18.000 edifícios
Boston (1872) – 776 edifícios
Jacksonville (1901) – 1.700 edifícios
Baltimore (1904) – 80 quarteirões e 2300 edifícios
San Francisco (1906) – decorrente de terremotos – 28.000 edifícios 


Fonte de consulta:




20 de abr. de 2014

Será que eu realmente preciso de uma autorização para consertar isso?

     No filme "The Money Pit" (1986), um jovem casal (interpretado por Tom Hanks e Shelley Long), faz um excelente negócio na compra de uma bela mansão antiga que precisava apenas de alguns reparos. Mas, aos poucos, a escada desaba, a banheira cai e o personagem de Tom Hanks acaba afundando até os ombros, depois de pisar em um tapete que escondia um buraco no piso. Esses incidentes respondem a pergunta "Será que eu realmente preciso de uma autorização para consertar isso?". Nos Estados Unidos, a resposta é quase sempre: Sim. A autorização deve ser obtida, sempre que uma estrutura for construída, ampliada, alterada, reparada, movida ou demolida.

     Obter uma licença por lá é obrigação legal e significa que um especialista irá rever os seus planos de remodelação e corrigir erros pontuais antes do trabalho começar. As empreiteiras licenciadas que prestam serviços de reparos e reformas, oferecem serviços categorizados como: renovations, moderate rehabs, gut rehabs and new construction.

     Nos EUA as regras para reformas são bem estruturadas. Vários fatores fortaleceram o arranjo de leis e regras, como o grande empenho dos órgãos governamentais para manter a aparência dos imóveis e consequentemente, das cidades; os programas habitacionais do governo; os direitos dos inquilinos entre outros fatores que reverberam nas leis de reformas.
Em Nova York, por exemplo, existem conjuntos de regras para reparos e reformas específicos para os programas habitacionais de baixa e média renda, como o NYCHA (New York City Housing Authority); para os imóveis do centro de NYC e para os demais proprietários de imóveis da cidade.

     O Departament Housing Preservation & Development (Departamento de Habitação, Preservação e Desenvolvimento), é o órgão governamental que disciplina os programas, incluindo o NYCHA, que engloba quase 1 milhão de nova-iorquinos, que residem em conjuntos habitacionais ou que têm seu aluguel subsidiado pelo programa. Os moradores que desejam fazer reparos ou reformas em seus apartamentos protocolam um chamado ao Customer Contact Center, uma vez que a legislação é comum para todas as construções chamadas de co-op (cooperativas). Será enviado um avaliador que definirá em função do tipo do reparo ou reforma, os profissionais adequados para a execução. Em casos de emergência, existem os plantões desse serviço ou ainda o Corpo de Bombeiros. Também podem contar com o Centralized Call Center (CCC), que é um Call Center centralizado para intervir em favor dos cooperados (condôminos), quando esses não forem atendidos no prazo estipulado. 

     No Brasil, a norma técnica NBR ABNT 16.280:2014, que entrou em vigor no dia 18.04.2014, abrange todos os tipos de casas e edifícios. De acordo com as novas regras, quem quiser reformar um imóvel deve providenciar um plano de reforma, elaborado por um profissional habilitado (arquiteto ou engenheiro). Esse documento deve atender às legislações vigentes e ser acompanhado de um estudo que garanta a segurança da edificação e dos moradores durante e após a reforma. Além dessa nova norma, existe um rol de regras já normatizadas, como a ABNT NBR 15575:2013 - Norma de desempenho; Ce-02:140.02 - Inspeção predial; ABNT NBR 14037:2011 - Manual de uso, operação e manutenção; ABNT NBR 16280:2014 - Gestão das reformas; ABNT NBR 5674:2012 - Gestão da manutenção, entre outras, que se observadas, teriam evitado muitas tragédias da vida (brasileira) real.