30 de nov. de 2019

O que tem nos miolos das quadras de Barcelona?


O envelhecimento e abandono das construções e das cidades


Aconteceram muitas tragédias nos últimos tempos - e todas evitáveis -, já que a maior parte foi por descaso às normas de segurança das construções e de seus ocupantes.

Foram rompimentos de barragens, incêndios de edifícios, enchentes, deslizamentos de encostas e colapsos parciais de pontes e viadutos. A sequência de tragédias, quase diária, é um acerto de contas das construções fora das normas de segurança e de proteção e combate a incêndio e principalmente, da falta de fiscalização e manutenção.

Alem do descompromisso de alguns construtores e fiscalizadores, nossas cidades - com seus edifícios e obras de arte, como pontes, viadutos e até a arborização e mobiliário -, estão envelhecendo e sem a devida manutenção, oferecem riscos aos usuários.

Aos profissionais da arquitetura e da engenharia, cabe fazer cumprir com rigor as leis e normas vigentes na execução dos projetos.

A manutenção dos edifícios é fundamental ao bom funcionamento e a segurança dos ocupantes. Vamos nos envolver com nosso ofício, no sentido de não permitir novos eventos trágicos como esses que estamos vivendo. Porque além dos limites da nossa responsabilidade, só podemos lamentar as vidas perdidas e torcer para que os responsáveis pelas tragédias não fiquem impunes!  

  • Queda de barragem, Samarco, Mariana, MG, 2015, 19 mortos e danos ambientais irreversíveis.
  • Incêndio do Edifício Wilton Paes de Almeida, SP, 2017, 1 morte e 248 pessoas desalojadas.
  • Incêndio do Museu Nacional do Brasil, RJ, 2018, perda irreparável de acervo histórico e científico.
  • Queda da barragem da Vale, Brumadinho, MG, 2019, 157 moros, 182 desaparecidos e danos ambientais irreversíveis.
  • Incêndio no CT do Flamengo, 2019, RJ, 10 mortos e 2 feridos com gravidade.
  • Queda da ciclovia Tim Maia, RJ, 2016, 2018 e 2019, 7 mortos.
  • Interdição de 2 torres com 106 apartamentos, por apresentar problemas estruturais, Vila Prudente, Morumbi, São Paulo, 2019.
  • Acidentes com ciclistas, Brasil, 32 hospitalizados por dia.
  • Prefeitura de SP, 2019, tem conhecimento de problemas estruturais em pelo menos 73 estruturas viárias urbanas no centro expandido, com infiltrações, armações metálicas expostas e rachaduras. Seis pontes, tem risco de colapso.

29 de nov. de 2019

Sistemas Estruturais e Prediais



É preciso considerar as interfaces entre o projeto arquitetônico e seus subsistemas. 

Os sistemas prediais são dinâmicos, respondem a mais solicitações e consequentemente sofrem mais desgastes durante a vida útil, portanto, devem ser funcionais e de fácil manutenção sem esquecer de proporcionar economia de recursos naturais. 

Os espaços técnicos devem ser pensados conjuntamente ao projeto arquitetônico, mas nem sempre isso é feito. Deixar para resolver como serão instalados os sistemas prediais depois que o projeto arquitetônico está pronto pode gerar alterações significativas no projeto ou limitar os sistemas prediais.  

Segundo Jourda (2013), os  locais técnicos podem chegar a ocupar 15% da área construída, em se tratando de projetos sustentáveis. Pois equipamentos como radiadores térmicos, inversores, cisternas de coletas de águas pluviais entre outros, precisam de grandes espaços para instalação, operação e manutenibilidade.  

Se o projeto foi concebido sem atender as demais disciplinas, ele provavelmente será alterado durante o processo de projeto na etapa de compatibilização, que é aquele momento onde todos os profissionais especialistas se juntam para sobrepor ao projeto arquitetônico todos os projetos (estruturais, hidrossanitário, elétrica, combate à incêndio etc). Nesse momento podem aparecer novas solicitações de espaços para sistemas e para a manutenção dos mesmos ao longo da vida do edifício. 

A manutenibilidade dos edifícios é muito importante e que não pode ser esquecida. Ao projetar, pergunte-se: Tem espaço para reparos? É seguro? Tem espaço para reconfigurar ou implementar novos sistemas? 


Não fazendo as adequações no projeto, nem na compatibilização, em último caso será feito na construção, o que geralmente não traz as soluções mais satisfatórias sob nenhum aspecto do edifício.

Perfurações de grandes dimensões para passagem de tubulações em vigas e pilares podem trazer problema para a estrutura. A execução de passagens transversais ou longitudinais devem ser analisados pelo engenheiro responsável, que vai definir as zonas neutras que não comprometem a viga, e evitar furos nas áreas coincidentes aos esforços de tração e ou  compressão.



Bibliografia
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575-6: Edifícios habitacionais de até cinco pavimentos. Desempenho parte 6– Sistemas hidrossanitários. Rio de Janeiro, 2008. 

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SISTEMAS PREDIAIS. Manual de escopo de projetos e serviços de hidráulica. Rio de Janeiro: 2006. 

GNIPPER, S. F. Diretrizes para formulação de método hierarquizado para investigação de patologias em sistemas prediais hidráulicos e sanitários. 2010. 307 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2010.

JOURDA, Françoise-Helène, 1955. Pequeno Manual do projeto sustentável. Ed. 1. São Paulo: Gustavo Gílio, 2013.

MELHADO, S. B. et al. Integração concepção – projeto– execução de obras. In: ______. Coordenação de projetos de edificações. São Paulo: O Nome da Rosa, 2005.