2 de fev. de 2012

Arquitetura Corporativa: O Ambiente do Trabalho

Para a composição de um ambiente corporativo existe uma série de leis, regras e normas que estabelecem parâmetros para conforto e segurança dos usuários. Além da legislação municipal, estadual e federal que será aplicada na produção do projeto arquitetônico, existe um rol de leis, normas e regras que devem ser atendidas na organização interna dos espaços.


Para lembrar algumas, as normas da ABNT-Associação Brasileira de Normas Técnicas regulamentam o mobiliário (mesas e cadeiras etc) e a acessibilidade (corredores, portas de passagem etc). As NR´s-Normas Reguladoras estabelecem níveis adequados para o conforto ambiental (iluminação, acústica, umidade etc). A segurança e prevenção (sinalização, portas corta-fogo, escadas pressurizadas, acabamentos e forrações etc) é estabelecida pelo Corpo de Bombeiros. E ainda durante o uso, os espaços serão constantemente medidos e avaliados por profissionais responsáveis para manutenção e controle dos níveis estabelecidos.


No entanto, a legislação associada ao usual aproveitamento máximo dos espaços resultou na planificação de um modelo único que atende a todos os ambientes corporativos. Na medida da despersonalização dos espaços outros itens foram deixados de lado, como à cultura da empresa X dos funcionários, analise do posto X o conteúdo da tarefa, enfim a organização adequada do trabalho.


Outra condição que impõe a hegemonia formal destaca a arquitetura verde corporativa. Apontado como um dos principais determinantes formais da arquitetura contemporânea os projetos verdes que redesenham a cidade se apoiam nas normas de qualidade, legislações e certificações para resolver seus problemas éticos e físicos. Simetricamente, os ocupantes dos novos espaços redesenham as normas de conduta social, uma vez que para o pleno funcionamento dos edifícios certificados há o envolvimento daqueles que coexistem e colaboram com as aspirações dos idealizadores.


A evolução da tecnologia impõe componentes cognitivos intensos e complexos e diferentemente dos aspectos até então estudados _que se restringem ao campo físico_, as novas exigências de rapidez no trabalho mental, a ambiguidade das tarefas (que agora incorporam as exigências da convivência com o edifício) e o relacionamento difícil com o público, avança pelo campo das doenças psíquicas. Alain Wisner (1994), lembra da diversidade de reações e tolerâncias dentro de uma mesma população exposta a um determinado problema.


A avaliação dos postos deveria registrar além dos aspectos ambientais (barulho, iluminação, temperatura, umidade etc), também as variáveis fisiológicas do operador. Segundo Christophe Dejours (1992), as frustações resultantes de um trabalho inadequado às potencialidades e necessidades da personalidade que resultem em grande esforço para adaptação, podem redundar em sofrimento cognitivo, físico e psíquico.   O capital genético, a história patológica e os costumes étnicos e culturais pesam no custo pessoal, devendo planear essas reações para conceber um ambiente e seu funcionamento, respeitando inclusive o biótipo do usuário.



Referência Bibliográfica:

WISNER, Alain. A inteligência no trabalho: textos selecionados de ergonomia. Tradução de Roberto Leal Ferreira, São Paulo: FUNDACENTRO, 1994

DEJOURS, Christophe. A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. Tradução de Ana Isabel Paraguay e Lúcia Leal Ferreira. 5ª edição ampliada, São Paulo: Cortez Oboré, 1992

  


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