21 de abr. de 2014

Os grandes incêndios e a gênese do urbanismo moderno


       Nova York teve em sua história grandes incêndios que marcaram a gênese do urbanismo moderno. No incêndio de setembro de 1776, estima-se que o fogo que cruzou a cidade de oeste a norte tenha consumido entre 10% a 20% da sua estrutura, que era composta principalmente por madeira. Já no incêndio de março de 1911, mais de cem costureiras morreram pelo fogo, fumaça ou pela queda das janelas dos últimos andares do Asch Building, edifício onde funcionava a Triangle Company. A partir desses incêndios, foram adotadas novas normas e regras para segurança nas construções e uma nova legislação trabalhista, inclusive.

Museu do Fogo em NY

As fábricas foram transferidas para as regiões de Midtown, no Garment District, para se enquadrarem nas leis de segurança e que, a propósito da contextualização histórica, já não existem mais, uma vez que mão-de-obra barata está concentrada agora na China, Bangladesh e Vietnã. 

No The New York City Fire Museum (Museu do Incêndio de Nova York), as gravuras da época dos incêndios, mostram o desespero das pessoas e a dificuldade dos bombeiros com seus carros puxados a cavalo, para alcançarem os andares mais altos dos edifícios.

Em razão dos muitos incêndios, o charme imperfeito e o romantismo das escadas de incêndio externas foram incorporados à arquitetura da cidade a partir de 1867. O Código do Departamento de Bombeiros disciplina os usos das escadas e fiscaliza para que os moradores não coloquem vasos, varais ou objetos decorativos que possam obstruir o acesso ou causar acidentes. Em prédios com mais de cinco andares, as escadas são pressurizadas no interior e as externas são utilizadas para fuga. As escadas externas não chegam até o chão, para impedir o acesso de mal intencionados.

As escadas de incêndio tem um aspecto cultural, que remete a um passado doloroso e ao mesmo tempo nostálgico, mas sobretudo, cumprem a função para a qual foram instaladas. Já que ainda hoje, muitos incêndios acontecem por conta das divisórias de madeira e dos muitos tecidos e revestimentos que aquecem o interior dos apartamentos.

Notadamente, a maioria dos filmes românticos ou de aventura rodados em Nova York (Friends, Os Delírios de Consumo de Becky Bloom, Bonequinha de Luxo, Janela Indiscreta, para citar alguns), mostram cenas nas sacadinhas e escadas de incêndio.

O Brasil tem um histórico diferente nessa área e não temos objetos românticos de proteção nos nossos edifícios, mas temos algumas normas bastante eficientes, como a NBR 9.077 – Saídas de emergência de edifícios, que normatiza as escadas de incêndio. Ainda a NBR 10.898 – Sistema de iluminação de emergência; NBR 9.441 – Execução de sistemas de detecção e alarme de incêndio; NBR 12.693 – Sistemas de proteção por extintores de incêndio; NBR 13.714 – Sistema de hidrantes e de mangotinhos para combate a incêndios; NBR 10.897 – Proteção contra incêndios por chuveiros automáticos; NBR 13.434 – Sinalização de segurança contra incêndio e pânico, entre outras, que descrevem os procedimentos mais importantes para segurança dos edifícios. Também e não menos importante, a legislação do Corpo de Bombeiros com suas normas e procedimentos de prevenção e proteção de pessoas e do patrimônio.

Os grandes incêndios promoveram alterações na aparência dos edifícios, nas relações de trabalho e ainda fizeram surgir os seguros para sinistros dessa natureza. Temos exemplos de outros países e também e infelizmente, nossas próprias tragédias, causadas pela desatenção dos profissionais às normas e pela falha na fiscalização dos edifícios.

Grandes incêndios na história do Brasil:
Edifício Andorinhas, RJ (1986) – 20 mortos
Edifício Andraus, SP (1972) – 16 mortos
Edifício Grande Avenida, SP (1981) – 17 mortos
Edifício Joelma, SP (1974) – 191 mortos
Canecão, BH (2001) – 7 mortos
Boate Kiss, RS (2013) – 242 mortos

Outros grandes incêndios na história dos EUA:
NY (1835) – 530 edifícios
Pitsburgh (1845) – 1.100 edifícios
Saint Louis (porto – 1849) – 15 quarteirões
San Francisco (1851) – 2.500 edifícios
Chicago (1871) – 18.000 edifícios
Boston (1872) – 776 edifícios
Jacksonville (1901) – 1.700 edifícios
Baltimore (1904) – 80 quarteirões e 2300 edifícios
San Francisco (1906) – decorrente de terremotos – 28.000 edifícios 


Fonte de consulta:




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