27 de ago. de 2013

Os móveis e suas medidas

Para a composição do design de interiores de um ambiente existe uma série de leis, regras e normas que estabelecem parâmetros para conforto e segurança dos usuários. Além da legislação municipal, estadual e federal que será aplicada na produção do projeto arquitetônico, existe um rol de leis, normas e regras que devem ser atendidas na organização interna dos espaços.
Para lembrar algumas, as normas da ABNT-Associação Brasileira de Normas Técnicas regulamentam o mobiliário (mesas e cadeiras etc) e a acessibilidade (corredores, portas de passagem etc). As NR´s-Normas Reguladoras estabelecem níveis adequados para o conforto ambiental (iluminação, acústica, umidade etc). O Corpo de bombeiros, a segurança e a prevenção (sinalização, portas corta-fogo, escadas pressurizadas, acabamentos e forrações etc).
Deve-se considerar além dos aspectos ambientais e de segurança, as características do usuário: seu biótipo, cultura, hábitos, idade, entre outros. Segundo Christophe Dejours (1992), as frustações resultantes de um local inadequado às necessidades da personalidade que resultem em grande esforço para adaptação, podem redundar em sofrimento cognitivo, físico e psíquico.  O capital genético, a história patológica e os costumes étnicos e culturais pesam no custo pessoal, devendo considerar essas reações para conceber um ambiente e seu funcionamento.
Algumas medidas admitidas por indústrias de móveis e movelarias são de fato, satisfatórias para a maioria dos usuários. São elas:
Cama de solteiro –0,78-0,88- 0,98 x 1,88-1,98m
Cama de casal – 1,38-1,58,1,98-2,03 x 1,88m-1,98m são as mais comuns, porém  existem outras medidas. As medidas são classificadas ainda como: cama de viúva, king size, super king, plus size.
Armários – A profundidade varia de acordo com o espaço e as opções de portas. Porém, um armário sem portas pode ter profundidade à partir de 0,45m, desde que considerado o tamanho dos cabides (0,40m) para instalação dos varões. O ideal é que sejam com pelo menos 0,55m de prof., somado ainda, a medida necessária para a instalação das portas.
Na parte inferior, o ideal é alocar calceiros, sapateiras e gavetas, geralmente à 0,80m de altura. É suficiente para calças dobradas e três ou quatro gavetas. Deve-se pensar na profundidade das gavetas, pois se ficarem muito pesadas, com o tempo, o sistema de trilhos dará problema.
Na parte superior, o melhor é colocar um varão em dois terços do espaço e reservar o restante para nichos, para armazenamento de malhas, bolsas, moletons, toalhas e roupas de cama, se necessário. Por fim, a altura do maleiro varia em função do pé-direito da casa. É esse o melhor espaço, para organizar itens poucos usados como malas e sacolas de viagem. Caixas customizadas e etiquetadas ajudam na organização.
A sapateira pode ser no formato de gaveta (prateleira deslizante) ou fora do local de armazenagem de roupas, tipo escaninho (nichos), com ou sem portas. A altura muda em função do tipo de calçado. No entanto, tudo depende do acervo de cada usuário e do gosto.

 Fig. 1: Closet com armários abertos (sem portas)

Móvel para tv – A profundidade depende do aparelho (base e profundidade), também dos equipamentos. O mais comum, é com 0,40m de profundidade e nichos suficientes para encaixe de todos os equipamentos de home-theater, como o subwoofer. Também, espaço para os dvd´s, blue rays, cd´s etc. A altura do móvel não deve ultrapassar os 0,50m. Contudo, não de deve esquecer que este sistema está próximo da extinção, portanto deixe reservado espaço para instalação de projetores no teto e paredes livres e bem acabadas para a projeção.

Cozinhas – O projeto ideal distribui os equipamentos em triangulação: onde em cada ponta ficam: fogão, geladeira e pia, de modo que o fogão fique o mais distante possível da geladeira e do freezer.

Fig. 2: Work Triangle: distribuição 
adequada dos equipamentos
(KOCH, 2013)

As bancadas podem ser instaladas com sapata (base fixa em alvenaria) ou sem e nesse caso, o mais indicado é deixar 0,15m no mínimo livre para limpeza.
A cuba para pia tem de 0,40 a 0,56m de largura, exigindo uma bancada com 0,60cm. Caso seja dupla, então a bancada deverá ter 0,80m, mas convém deixar espaço para escorredor de pratos, lixeiras etc (ver marca Mekal). A profundidade varia entre 0,58 e 0,62 e a altura deve ser equacionada de acordo com o usuário, variando entre 0,82m até 0,94m. Se um balcão for acoplado, a altura deste deve ser de 1,10m.
Gavetas com profundidade adequada devem ter 0,14 para toalhas de mesa, guardanapos e talheres. O gavetão-paneleiro deve ter no mínimo 0,30m de profundidade. Convém mensurar todos os equipamentos que serão instalados nos nichos, como: micro-ondas, geladeiras, frezzer, fogão, coifas etc.
Existem linhas de acessórios para cozinhas (ver aramados Jomer), com aramados que facilitam a organização dos equipamentos, com economia de espaço. A madeira industrial utilizada deve ser resistente a umidade e as cores e estampas devem ser duráveis, pois uma cozinha planejada pode durar até 20 anos. Também á importante escolher corretamente os puxadores. Os mais indicados são os embutidos.

Fig. 3: Dimensões ergonomicamente corretas
(KOCH, 2013)


Mesas - As mesas retangulares mais utilizadas medem 1,60 x 0,90m e as redondas 1,40 x 1,40m. Mesas de jantar 8 lugares: As quadradas normalmente tem no mínimo 1,40 x 1,40m, as retangulares 2,00 x 0,90m e as redondas 1,60 x 1,60m.
Considerando as dimensões do “posto”, individualmente, deve-se reservar pelo menos 0,90m para cada cadeira. Também é preciso considerar o espaço atrás das cadeiras, de modo que se a mesa tem 1,60×0,90, o espaço total necessário será de mais ou menos 3,90 x 2,70m.

Home-theaters – A organização do ambiente depende dos equipamentos e móveis, que por sua vez, são determinados pela área total. Mas o fundamental é aliar conforto com boa acústica e bom áudio.
O tamanho ideal do televisor é aquele que o usuário não precisa girar a cabeça para ver toda tela e possa ler as legendas sem esforço. O som ideal, é aquele que produz sensações de acordo com o filme, sem ecos (repetição do som) e sem reverberações prolongadas (o tempo em que um determinado som permanece no ambiente antes de se tornar inaudível), e “vazar” para os outros ambientes da casa. O tempo ideal de reverberação de uma boa sala de home theater deve se situar entre 0,5 a 0,8 segundo.
Fig. 4: Sistemas para Home theaters
(KOCH, 2013)
É imprescindível projetar o móvel de acordo com o sistema (5.1, 6.1 ou 7.1) que será instalado, para acomodar os equipamentos dentro do móvel corretamente e embutir os cabos e fios. Os painéis tem a função de receber a TV ou imagem do projetor, ainda de ocultar os fios que descem pela parede, mas também atuam como isolantes acústicos.
Para o equilíbrio acústico deve haver uma mistura de materiais absorventes de ondas sonoras, como tecidos, tapetes, madeira e quadros de tela, com materiais reflexivos, como paredes de alvenaria, gesso, vidro, mármore ou cerâmica, entre outros. O ambiente deve ter iluminação dimerizada, para controle da luz. As paredes podem receber cores mais escuras, fechamentos por painéis, cortinas e blackout´s. Inclusive, em lojas especializadas, podemos reunir no mesmo controle remoto, ar condicionado, iluminação e TV.
Os painéis acústicos são uma excelente opção para a otimização acústica de um ambiente mas, têm pouca eficiência na absorção e isolação de sons graves, abaixo dos 500 Hz. E são justamente as vibrações e tremores do subwoofer que mais incomodam os vizinhos. Para minimizar o problema, pode-se revestir o piso com tapete ou carpete grosso ou com aplicação de uma manta.

Sofás – Cada assento de um sofá deve ter no mínimo 0,50m e 0,20m de braço, ou seja, um sofá de 3 lugares tem no mínimo 1,90m e o de 2 lugares 1,40m (considerando que esses são os menores e mais populares). A profundidade varia entre 0,85 a 0,90m. As medidas mais adequadas de assento é de 0,70m de largura x 1,00 de profundidade.

Referência Bibliográfica:
WISNER, Alain. A inteligência no trabalho: textos selecionados de ergonomia. Tradução de Roberto Leal Ferreira, São Paulo: FUNDACENTRO, 1994. 
DEJOURS, Christophe. A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. Tradução de Ana Isabel Paraguay e Lúcia Leal Ferreira. 5ª edição ampliada, São Paulo: Cortez Oboré, 1992.
KOCH, Mirtes Birer. Design para interiores - Técnica com emoção: Cozinhas e Home theaters. Rio de Janeiro,(Ebook Amazon), 2013
  
Imagens – Google

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